Até completar seis anos, morei em Goiânia. Me recordo que eu
e meu velocípede erámos invencíveis. Morava em uma casa no setor Novo Horizonte,
a casa era como se fosse uma ilha, pois tinha quintal dos lados e atrás. Em
volta da casa tinha como se fosse uma mureta, onde eu apostava corrida comigo
mesma e pedalava mais que Bob em meu mundo fantástico. Lembro também que
tínhamos vizinhos índios, Xupui e Jurema, me recordo desses dois nomes. Uma
vizinha um ano mais velha que eu chamada Ana Paula. Me recordo bem do fusquinha
da tia Nazaré também.
Depois nos mudados para o Itatiaia, éramos vizinhos da UFG.
Em frente nossa casa, havia apenas uma mata. Ali tinha a Escola Abelhinha
Sábia, onde terminei de aprender a ler. Minha mãe costumava ler gibis comigo,
então ao entrar para a escola desenvolvi rapidamente a leitura. Lembro de uma
coleguinha chamada Júlia, eu não gostava dela porque ela falava igual o
Cebolinha e tinha grandes olhos verdes. As professoras dessa escola não batiam
bem. A filha da dona tinha um veado, até levou o bichinho lá e fez votação para
decidir o nome do bichinho: Bambi.
Nessa casa, pulsa como se fosse meu primeiro contato com a música,
a lembrança de ouvir e cantar Something Stupid, interpretada por Nancy e Frank
Sinatra, a pedido de meu pai. Ele devia gostar muito do meu inglês embaralhado
e eu, como me recordo disso nitidamente até hoje, certamente amava muito esses
momentos. Tínhamos uma dobermann, chamada Zorra. Ela era adestrada e eu achava
isso incrível. Dizer dá a pata e a cadela colocar a pata na minha mão era
sensacional.
Também tem a lembrança de um dia, quando estava indo embora
pra casa com minha mãe, um coleguinha veio correndo e me deu de presente um cata-vento,
branco com azul. Anos depois, quando me tornei aluna da UFG, recordei de um
determinado lugar onde tínhamos recreação. Não sei onde raios a professora
conseguiu um pneu de caminhão. A brincadeira era entrar dentro dele e sair
rolando a descida que era o estacionamento de algum depósito, e parar quando
batesse na parede do mesmo. Fui obrigada a ir. Detesto essa professora até
hoje.
Sempre fui muito comunicativa, para não dizer atrevida. Algo
de errado eu fiz para meu pai estar com tanta raiva e ter me dado uns tapas.
Achei um absurdo isso, fiquei muito revoltada, puta, irada e fui pro meu
quarto. Estava decidida a fugir para a casa da minha avó Celita. Coloquei
minhas melhores roupas na sacola do supermercado quando minha mãe chegou no
quarto. “Vou pra casa da minha vó”, disse eu chorosa. O que ela fez? O óbvio:
mandou eu guardar as roupas de volta. “Mas eu sei o caminho”, isso ninguém me
perguntou. Saber eu sabia mesmo, fazia o trajeto muitas vezes. Mas sempre de
carro ou ônibus, jamais caminhando onze quilômetro, jamais. Jamais.
Houve um dia em que fui para a área de casa e quando olhei
para a casa do vizinho, não entendi nada, afinal na casa dele chovia e na minha
não. Como isso poderia ser possível!? Me recordo também de minha mãe me
ajudando a decorar o juramento de minha formatura da pré alfabetização.
Funcionou tão bem que eu me lembro até hoje. Fernanda já sofria nas minhas
garras nessa época, não me lembro porém não restam dúvidas. Até que no início
de 1995, nos mudamos para Porangatu. A viagem foi feita no Opala do meu pai, o
mais bonito dos três que ele teve.
Não há muito bem uma ordem cronológica dos fatos. Meu
intuito é registrar minhas melhores experiências para quem sabe, divertir quem
as lê e principalmente, para que eu não me esqueça quem sou, de onde vim.
p.s.: meu notebook funcionou e graças a Bill Gates o teclado tá configurado <3
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